"Tudo é precioso para aquele que foi,
por muito tempo,
privado de tudo."
* * *
"Everything is precious to one who was,
for a long time,
deprived of everything."
Friedrich Nietzsche
"Tudo é precioso para aquele que foi,
por muito tempo,
privado de tudo."
* * *
"Everything is precious to one who was,
for a long time,
deprived of everything."
Friedrich Nietzsche
Eles tentaram enterrar-nos.
Eles não sabiam que éramos sementes.
Provérbio Mexicano
* * *
* * *
They tried to bury us.
They did not know that we were seeds.
Mexican Proverb
* * *
* * *
Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.
Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.
Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor.
Thiago de Mello, As ensinanças da dúvida
* * *
* * *
I hear and I forget. I see and I remember. I do and I understand.
Confucius
* * *
* * *
O livro é um mudo que fala,
um surdo que responde,
um cego que guia, um morto que vive.
Amel MATHLOUTHI - Tunisian girl sings a song during demonstraitons
* * *
* * *
There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones
Mark Knopfler
* Dire Straits - Brothers in Arms *
* * *
.
.
* * *
.
.
À força de ser justo,
é-se muitas vezes culpado.
.
.
Obrigada, Amiga S.Light!
* * *
* * *
Ignacio del Valle in O Tempo Dos Imperadores Estranhos
Para ser grande, sê inteiro,
Põe quanto és no mínimo que fazes;
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Assim em cada lago,
a lua toda brilha
porque alta vive.
Ricardo Reis in "Odes de Ricardo Reis"
* * *
* * *
* * *
.
.
* * *
.
Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.
Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!
.
.
Miguel Torga, Tempo in 'Cântico do Homem'
* * *
.
.
* * *
.
.
.
.
Ver o mundo num grão de areia,
o céu numa flor silvestre,
agarrar o infinito na palma da mão
e a eternidade numa hora.
.
.
William Blake in 'Auguries of Innocence'
.
.
.
* Vangelis - Message *
* * *
* * *
Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa
e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro,
dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses,
de nenhum fruto queiras só metade.
Miguel Torga
* * *
* * *
"Dantes dizia-se, quando alguém morria, que um corvo levava a sua alma para a terra dos mortos.
Mas, às vezes, algo tão mau acontece, que uma tristeza terrível acompanha a alma, não a deixando repousar.
E às vezes, só às vezes, o corvo pode trazer a alma de volta para corrigir o que estava errado.
Um prédio arde.
Só restam cinzas.
Pensava que tudo se passava assim.
Famílias.
Amigos.
Sentimentos.
Mas agora eu sei que, às vezes,
se o amor for verdadeiro, nada separa duas pessoas que se amam.
Se aqueles que amamos nos são roubados,
temos que os amar sempre para que eles vivam mais.
Edifícios ardem.
Pessoas morrem.
Mas o amor sincero vive para sempre."
Excerto retirado do filme O Corvo
* * *
The Cure - Burn
... Lamentavelmente, o último filme com Brandon Lee.
* * *
* * *
Uma ruptura então se produziu; foi o mal humor, a frieza, a indiferença quem os separou; no entanto, um deles rompeu e ele agora diz: "Eu não falo mais com essa pessoa, não a vejo mais". Mas o que ama diz: "Eu permaneço em meu amor; dessa forma, nós ainda conversamos um com o outro, pois às vezes o silêncio também faz parte da conversa."
Søren Kierkegaard
Hoje um amigo fez-me recordar este poema maravilhoso de Eduardo Alves da Costa, cuja autoria é muitas vezes atribuída, erradamente, ao poeta russo Maiakovski.
* * *
* * *
Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!
Eduardo Alves da Costa, No caminho com Maiakóvski, 1936
* * *
* * *
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
William Shakespeare
* Natalie Cole - I Miss You Like Crazy *
Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu!
Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também.
Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo.
Dá-me alma para te servir e alma para te amar.
Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.
Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama.
Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.
Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.
Fernando Pessoa in "O Eu Profundo"
.
.
* * *
* * *
Meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade… sei lá de quê!
Florbela Espanca, in "Cartas a Guido Battelli"