Parece uma pintura a óleo, numa tela... mas não. Não é.
Trata-se de algo muito mais belo, muito mais sublime: uma imagem real da Terra vista do Espaço.
Esta imagem foi captada pelo sensor MERIS do satélite ENVISAT no passado dia 23 de Maio.
Pode ver-se a Irlanda e na parte inferior esquerda uma bela mancha em tons de azul... azul-eléctrico.
Esta mancha, que parece ter sido obra de uma mão humana com um pincel, é na realidade o resultado de plantas marinhas microscópicas que se encontavam naquela altura à superfície do mar. É o plâncton azul-eléctrico. Florescente.
No topo da imagem pode ver-se o Mar da Irlanda e parte da Escócia. Na parte superior direita, a Este da irlanda, são visíveis as Ilhas de Man (Isles of Man).
O Homem e o MarHomem livre, o oceano é um espelho fulgente Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado, Como em puro cristal, contemplas, retratado, Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem. Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos, As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos; Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos; Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis, Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem, De tal modo gostais n'uma luta selvagem, Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, O Homem e o Mar, in "As Flores do Mal"