Comemora-se hoje o 197º aniversário sobre o nascimento de Ada Lovelace, matemática inglesa e considerada a primeira programadora da História por ter desenvolvido um algoritmo para o cálculo da sequência de Bernoulli usando a máquina analítica de Babbage.
"A Matemática é como o sexo: só se aprende com a prática, diz o matemático Jorge Buescu, citando um antigo professor. Não há atalhos, é preciso treino e persistência, mas pode ser um caminho muito interessante, garantem os autores de "Treze viagens pelo mundo da Matemática".
Escrito por dezenas de professores de Matemática, a obra, lançada ontem, terça-feira, no Porto, aborda diversos temas que, não tendo correspondência directa com os programas do Secundário, podem ser "valiosos instrumentos para dar cor às aulas", na opinião de Nuno Crato, que prefacia a obra.
Para os puristas da Matemática, querer demonstrar a sua beleza recorrendo à sua aplicabilidade é tão irritante como perguntar a um poeta a utilidade de um soneto, diz António Machiavelo, autor de um dos 13 capítulos que compõem o livro editado por Carlos Correia de Sá e Jorge Rocha, professores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Todavia, provar algumas das utilizações práticas pode ser uma via para interessar os jovens por uma disciplina tão mal-amada.
Jorge Buescu, que fez a apresentação da obra, acredita que "a Matemática pode ser sexy" para os jovens se os desafiar a descobrir que "o mundo de hoje - o Google, os telemóveis, os cartões de crédito - baseia-se em códigos matemáticos", que podem ser compreendidos.
Os editores contam, na introdução do livro, que o jovem príncipe Alexandre da Macedónia terá questionado o seu mestre se não seria possível aprender geometria de forma mais célere. O geómetra Menecmo terá respondido que "não há estrada real para a geometria", referindo-se à via que ligava Susa a Sardis (correspondente às vias de alta velocidade dos nossos dias). Não havia na Antiguidade e continua a não haver agora, no tempo da internet e das potentes máquinas de cálculo. "Não se aprende sem esforço", sublinha Carlos Correia de Sá."
O paradoxo do Hotel de Hilbert é um facto matemático sobre conjuntos infinitos
apresentado pelo matemático alemão David Hilbert.
É chamado de paradoxo pois o resultado é contra-intuitivo.
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O Hotel Infinito, situado em Infinitópolis, tem um número infinito de quartos, um por cada número inteiro, estando numerados de 1 até ao infinito. Um dia, estando os quartos todos ocupados, chegou um viajante que pretendia pernoitar nesse hotel.
Empregada: Desculpe, mas vai ser impossível hospedá-lo. Estamos esgotados.
O viajante pediu para falar com o gerente do hotel, para tentar arranjar uma solução, visto que não existia mais nenhum hotel em Infinitópolis.
Gerente: Realmente, não temos vagas, mas eu vou arranjar-lhe um quarto.
Mandou mudar todos os hóspedes de cada quarto para o quarto com o número seguinte, deixando assim o quarto 1 vago para o viajante.
No dia seguinte apareceram 5 casais em lua-de-mel, pedindo quartos. A empregada mandou então mudar os hóspedes de cada quarto para o quarto com um número superior em 5 unidades, deixando os primeiro 5 quartos vagos para os 5 casais recém-chegados.
No dia seguinte chegou uma excursão com um número infinito de turistas, tantos quantos os números inteiros, pedindo alojamento. A empregada ficou atrapalhada:
Empregada: Sr. Gerente, já percebi como é que no Hotel Infinito se resolve o problema sempre que há um número finito de novos hóspedes; mas será possível arranjar espaço para um número infinito deles, isto é, tantos quantos os quartos que temos já ocupados?
Gerente: Claro! Mudamos os hóspedes de cada quarto para outro com um número duas vezes superior!
Empregada: Claro! Desse modo mudamos os hóspedes todos para os quartos com número par, o que deixa vagos todos os quartos com número impar, que são em número infinito, tantos quantos os turistas!