Quinta-feira, 9 de Setembro de 2010

 

 

 

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"(...) a humanidade é muito estranha. Que mais? Explicar que sou um grande homem e não digo que sou uma grande mulher pela mesma razão por que não existe onço, só onça, nem foco, só foca, tudo isso é um bobajol de quem não tem o que fazer ou fica preso a idiossincrasias da língua, como aquelas cretinas feministas americanas que queria mudar history para herstory, como se o his do começo da palavra fosse a mesma coisa que um pronome possessivo do gênero masculino, a imbecilidade humana não tem limites. Sou um grande homem fêmea, da mesma forma que os grandes homens machos são grandes homens machos, fica-se catando picuinha porque o nome da espécie é por acaso masculino e não neutro, como é possível que seja em alguma outra língua, como se a gramática resolvesse alguma coisa nesse caso. Explicar isso, não existem grandes homens e grandes mulheres, existem grandes homens machos e grandes homens fêmeas. não há nada mais ridículo do que galeria de grandes mulheres, isso e aquilo, fico morta de vergonha. A espécie é humana, como Panthera uncius, Panthera leo, um onça, no feminino por acaso, outro leão, no masculino por acaso, uma questão de língua exclusivamente. Explicar isso como quem explica a um marciano. A um terráqueo. Escuta aqui, terráqueo, deixa de ser débil mental. Bem, ambições inúteis (...). Que mais? Nada, (...)"

 

 

João Ubaldo Ribeiro, in "A Casa dos Budas Ditosos", pp.23-24

 

 

 

publicado por Cleópatra M.P. às 18:42
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Uma bela visão do feminino/masculino sem proclamar a diferença do género.
Carlos Soares a 12 de Setembro de 2010 às 21:34


Olá Carlos, é isso mesmo. Também me parece uma visão interessante sobre o tema.

Obrigada pela visita. Quero 'ver-te' por cá mais vezes!

Um beijo.
Cleo
Cleópatra M.P. a 13 de Setembro de 2010 às 23:13


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