… Que Foi Eterno, Mas Não Possível
* * *
* * *
The Bridges of Madison County, trailer
* * *
“Naquela noite de terça-feira de Agosto de 1965, Robert Kincaid encarou de frente Francesca Johnson. Ela retribuiu-lhe o olhar. A dez passos de distância, estavam presos um ao outro, sólida, profunda e inexoravelmente.
O telefone tocou. Ainda a olhar para ele, ela não se mexeu ao primeiro toque nem ao segundo. No longo silêncio que se seguiu ao segundo toque, e antes do terceiro, ele respirou fundo e olhou para baixo, para os sacos das máquinas fotográficas. Assim, ela foi capaz de atravessar a cozinha em direcção ao telefone, pendurado na parede mesmo por detrás da cadeira dele.
- Johnson… Olá, Marge. Sim, estou óptima. Na quinta-feira à noite? – Calculou: ele tinha dito que ficaria uma semana, chegara ontem, era apenas terça-feira. Decidir mentir foi fácil.
Estava junto à porta que dava para o alpendre, com o telefone na mão esquerda. Ele estava ao alcance da sua mão, de costas voltadas para ela. Ela estendeu a mão direita e pousou-a no ombro esquerdo dele, informalmente, como algumas mulheres fazem com os homens de quem gostam. Em apenas vinte e quatro horas, começara a gostar de Robert Kincaid.
(…)
A mão dela estava tranquilamente pousada nele. Sentia os músculos que iam do pescoço até ao ombro, mesmo por detrás do colarinho. Estava a olhar para baixo, para o farto cabelo grisalho com risco ao meio. Viu como cobria o colarinho. Marge tagarelava.
(…)
Apercebeu-se de como o corpo dele estava quente através da camisa. O calor chegava-lhe à mão, subia pelo braço, e dali espalhou-se pelo corpo dela, para onde queria ir, sem qualquer esforço – ou melhor, sem qualquer controle – da parte dela. Ele estava quieto, sem sequer fazer o menor ruído que pudesse suscitar a curiosidade de Marge. Francesca compreendia-o.
(…)
Perto do amanhecer, ergueu-se ligeiramente e disse, olhando-a bem nos olhos:
- É por isso que estou aqui neste planeta agora, Francesca. Não é para viajar nem para tirar fotografias, mas para te amar. Sei-o agora. Tenho andado a cair da borda de um sítio enorme e alto, algures no passado, há muitos anos do que já vivi nesta vida. E durante todos esses anos, tenho andado a cair na tua direcção.
Quando desceram, o rádio ainda estava ligado. Rompera a madrugada, mas o Sol escondia-se por detrás de uma nuvem fina.
- Francesca, quero pedir-te um favor. – Sorriu-lhe enquanto ela andava às voltas com a cafeteira.
- Diz. – Olhou para ele. “oh, meu deus, eu amo-o tanto”, pensou, trémula, desejando-o ainda mais, sem parar.
- Enfia as calças de ganga e a T-shirt que tinhas ontem à tarde, e as sandálias também. Mais nada. Quero tirar-te uma fotografia tal como estás agora de manhã. Uma fotografia só para nós dois.
Ela foi lá acima, sentimdo as pernas trémulas por ter estado enrolada nele a noite toda, vestiu-se e foi para o prado com ele. Tinha sido ali que tirara a fotografia para que ela olhava todos os anos. (…)”
Robert James Waller, in As Pontes de Madison County
* * *
* * *
'Se quiser jantar novamente à hora em que
"as traças brancas voam", passe por cá hoje à noite,
depois de acabar o seu trabalho. A qualquer hora.'