Terça-feira, 8 de Junho de 2010

 

 

* * *

 

 

 

* * *

 

 

* * *

 

.

.

 

  * * *

.

 

 

O Homem e o Mar Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!



Charles Baudelaire, O Homem e o Mar, in "As Flores do Mal"

 

 

 

 

 

publicado por Cleópatra M.P. às 17:00
link do post | comentar | favorito!

Junho 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9

13
16
19

20
24
25

28